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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Alambique Tradicional


Na nossa aldeia era muito comum haver casas que tinham um alambique (pota) e cada um fazia a sua aguardente.
Após a vindima e de ter sido feito o vinho, ficavam no lagar os restos dos cachos de uva espremidos (bagaço) durante alguns dias a fermentar - nada se perdia.
Esses restos, depois de fermentados, eram colocados na pota para se fazer a aguardente.
A aguardente juntamente com pão, nozes, figos e chouriço, servia para "matar o bicho" antes de irem para os campos trabalhar, o seu consumo era generalizado e diário.
A pota era feita de cobre e constituida por três peças: um recipiente maior e arredondado onde se colocava o bagaço (pote), outro que se enchia de água fria (cabeça) e um ou dois tubos. As junções das peças eram vedadas com massa do pão para não deixar sair vapor.

Como se fazia:
Era feito um lume que tinha de ser constante (e para isso usava-se lenha de carvalho, castanheiro ou torgos de urzes) e colova-se o alambique por cima. Enchia-se o recipiente maior com o bagaço quase até ao topo e deixava-se ferver. Durante a fervura era libertado vapor que saia por um tubo no cimo do pote, passava pela cabeça e saia já na forma líquida para um garrafão ou garrafa.
À medida que a aguardente era feita (com o mesmo bagaço), ia ficando mais fraca. Era preciso ir provando para ver se ainda era boa ou se tinham que retirar aquele bagaço e colocar outro para recomeçar a destilação.

Era um processo muito demorado, porque a aguardente saia pelo tudo em pequenas quantidades. Era também necessário ir mudando a água da cabeça quando ela começasse a aquecer.



Pota de fazer a aguardente (Alambique)
Foto tirada em 1964 - Fernando Norte Pedro (meu pai)
 


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